Friday, December 22, 2006

"A canção do maldito"




Vai chegando o fim do ano, o momento que esse grande pensador, chamado Heráclito de Éfeso, é lembrado por mim, pois reflito sobre o que ficou e o que virá.

"A canção do maldito para as máquinas desejantes"

a mudança é inevitável...
o movimento é incessante e implacável...
destino incerto e duvidoso...
não tenho medo do futuro, nem muito menos do que você pensa de mim e do meu ser obscuro...
gostaria de poder ter dito isso, e tudo aquilo que não foi possível naquela hora, quando tudo ficou escuro...
será que ainda consigo?
não quero ser seu amigo ...
nothing as it seems...
não conheces nada...
não haja de forma tão precipitada,você não pode tirar conclusões de falsas evidências, ou conjecturas erradas...
a única certeza que temos é da mudança do movimento, de dentro do movimento, o fim em si mesmo...
sofro mais uma vez por não poder ter feito você ver além da surpeficialidade de minhas palavras...
não quero apenas controlar teu sexo com a força do meu logos, não quero apenas invadir seus pensamentos e manipulá-los como um psicólogo...
basta fechar seus olhos e entregá-los a mim,pois serei seus sentidos e seu guia, seu corpo é meu, assim como o resto dos seus dias...
enfim,em mim, e por mim, verás e sentirás assim...
me dê seu sim...que eu te dou essa poesia...
decomponho as cores do seu sorriso enquanto te levo a afasia...
dentro do meu abrigo não haverá anistia, e nem deveria...
apenas o devir, devir e devir, sentir e consentir...
isso já sustentaria a constelação de palavras que atribuo ao "aqui".
deverá ser assim ...
e por isso tudo,eu sei que tu ainda me agradeceria...
ao anoitecer notei a sutileza dos seus traços, eles me guiavam através de sua inocente esperança de me ter...
isso era real e sincero...
tão sincero quanto o seu o gesto de buscar a minha mão enquanto atravessávamos a rua...
em apenas um segundo fui apunhalado mil vezes por golpes em estacato, fui atraído para dentro de ti ,mesmo sem você saber que ali, naquele instante, já tinha me transformado, desfigurado,desencontrado,desconectado, fiquei desacordado por várias noites sem saber pra onde ir...
foi intenso...
penso, penso, penso infinitamente em seu nome por uma outra esquina vazia do tempo...
a sua imagem se tranformara, apartir daquele momento, em açoites...
cortando-me, esfacelando-me,beijando-me...
agora compartilho a minha dor contigo(meu amor?!)e com Rimbaud.
fujas daqui!!!me olhe como se fosse teu inimigo,sou um ator como Artaud,nocivo, bandido, maldito,mal visto, mal quisto!
mas do caos faço nosso esplendor, com a sua tristeza eu posso compor...
pois vou ainda, por muitas vezes continuar a insistir nisso...
não procure mais nenhum motivo.
caso não faça isso, te acorrentarei a meu pronome,sentirás fome toda vez que pensar em seu homem, vou desenhar nossa história em palavras nunca rimadas antes, instante por instante, enquanto for o seu único amante. como vozes cantantes, e dilacerantes,sendo a tua "máquina desejante" imanente ao teu antes...
sempre estive por lá a sua espera...
quem me dera poder recompor aquela atmosfera com o seu cheiro de primavera...
aonde está ela? para onde vai ela? seus olhos são a minha janela, de uma casa sem endereço, onde tomarei posse dela, e para sempre serei seu sentinela...