Tuesday, July 08, 2008

"Pensamentos perdidos de um Cínico"



Janeiro mês primeiro, num Rio onde sou um estrangeiro,
Sem dinheiro ou mesmo um paradeiro, andarilho pelo acaso e da sorte sou hospedeiro.
Entre grandes edifícios passeio sem ter um definido ofício,
parentes ou amigos, palavras que eu nem longe conheço o significado,
vivo escondido como um rato dentro de um bueiro,
descartado como sempre deixado de lado.

As noites são longas...
na imensidão da minha tristeza o que mais me assombra e tortura
é ver seu rosto desfigurado pelo tempo entre lembranças que jamais poderão ser revividas.

Oh rua!!! por favor, traga-a de volta para mim, me dê esse fim.
oh rua!! sob suas curvas sempre fui e sou seu passageiro, o seu único e fiel companheiro.
só você entende a solidão que nos atravessa e castiga e que nos torna alheios.
deito-me todos os dias entre suas calçadas e marquises vivendo muitos momentos tristes, mas em outras horas felizes.

Sou um cavaleiro andante de uma guerra perdida sobrevivendo numa terra
desconhecida,
lutando contra esse destino traiçoeiro que levou meu amor pra bem longe de mim.

oh rua!! os outros comemoram a chegada de mais um novo ano, e eu... choro pela distância de quem realmente tanto amo,
distância que dilacera minha alma e que cresce ano após ano.

chamo... chamo... chamo infinitamente teu nome pelas esquinas vazias do tempo.
Oh rua!!! este teu silêncio é tão real e verdadeiro,
ensinamentos que eu gostaria de poder passar para o mundo inteiro.
Oh rua!! Quando quem tanto amo passar por ti, mostre através do teu silêncio o seu nome que deixei escrito entre suas paredes.
faça acreditar que compreendo e entendo o seu desprezo por mim,
jamais a culparia pela ignorância da natureza humana.
e que as minhas palavras se tornarão presentes por toda a eternidade,
o único presente que posso oferecer, entre dezembro e janeiro, do último dia ao primeiro,
desde do dia que despedacei, por ti, por inteiro, tentando expressar a minha vontade de amar.