Thursday, October 23, 2008

Falando com o infinito.



" A morte é a nossa única lei.
do seu devir eu derrubo o avatar do rei.
Deslizando sobre o tempo podemos fixar o "um" em "três".
Aqui se faz, aqui se fez...
Juntando os pontos do infinito-pelo grito-desfaço os "porquês".
O mar encobre todos os segredos, entre ratos e ritos, de fatos à mitos.
Fico, e multiplico me entre desiguais, reais e anormais, no fronte de pobres e ricos.
Afetos desconexos beijam a multiplicidade, e procriam a sua cidade na junção do errado e certo, da sombra do equilíbrio dessa falsa univocidade.
Caminho sozinho no deserto líquido da tragicidade.
Ñão me importa a verdade...
Linhas e cores cortejam a minha liberdade; ela é insana; é insônia; insulto.
A prudência é vergonha, é medo do oculto.
Obedeço apenas a minha hybris, que fascina e escraviza a sua íris, e até o que ela é, sente e sonha.
Crie, destrua, e recomponha!
Faça da sua potência um enredo, um desapego do sensível.
Abrace as possibilidades do impossível enquanto ela lhe for risonha.
Nível após nível, eu esfacelo a certeza da razão subserviente do visível.
A minha intuição da duração busca pensar o que é invisível.
- Eu ouço as melodias do fogo que nascem das profundezas do céu irascível!
- É uma grande criança?
-Criança grande que se expande pela dança, como deuses entediados pela temperança.
É tão sutíl, fugaz, e breve; se desfaz como a neve que cobre todo o vale no último dia de inverno.
Ou como a tristeza que está por trás do sorriso da minha amante passante, que copulara comigo naquele único instante do meu inferno.
Seu nome é Evanescência, essa "sem hora" maltrata a minha paciência.
Seus gritos de urgência se espalham por milhares de faces da transcendência.
Se parece com o juiz cego que está acima do seu réu que lhe pede clemência.
Um derrotado que insiste em perder seu precioso tempo julgando nesse imundo de audiência.
Não acredito em você. não acredito na sua inocência, nem muito menos na sua condescendência.
Infelizmente não há entre nós concordância ou correspondência...
É pra isso que serve essa tua petulante coerência?
Tu és tão fraca quanto a luz opaca dessa tua ciência.
Uma frequência tão baixa onde ninguém jamais poderá captar a triste melodia da tua existência.
Voarei para bem longe de ti!
Estarei escondido em fuso horário contrário do seu aqui.
Se quiserdes voar comigo, terás que aprender a falar a língua do infinito, do perigo, do incerto,do oblíquo.
Você quer conhecer meus amigos?
Spinoza, Demósthenes, Bergson, Epicuro e Górgias vivem para sempre comigo.
É nisso que eu insisto:
sem certezas, sem perguntas, sem abrigo...
É isso o que eu sou, é nisso que resido..."
D.Laos