Sunday, February 05, 2012

Brazil: A vila dos Pinheirinhos.



Por que será que somos tão impotentes diante de tanta injustiça e maldade? A nossa passividade agora se espalha como vírus por todas as redes sociais, e se camufla em compartilhamentos vazios e sem efeito no mundo real. Muitos, com isso, infelizmente acreditam piamente que estão colaborando em nome de alguma causa. E através desse gesto de apertar a tecla enter, vários indivíduos pensam que estão exercendo o seu poder de participação sobre problemas que requerem, ao meu ver, atitudes mais efetivas e contundentes em nosso mundo real. E aqui eu abro um pequeno parêntese para chamar atenção para o efeito colateral e nocivo que esse tipo de gesto pode provocar silenciosamente. Muitos ao compartilhar qualquer conteúdo - que na maioria dos casos nem é ao menos visto com muita atenção por outros internautas - acreditam inconscientemente, ou não, que estão exercendo a sua atitude de cidadão consciente e "engajado", e com isso se eximem da responsabilidade de encarar e atuar sobre o problema real repassando o seu dever para outrem. Para mim é uma forma muito eficaz e cômoda de camuflar a nossa covardia e passividade. Posso ilustrar o meu pensamento do seguinte modo: seria como se você fosse um médico que se depara com uma pessoa desacordada no meio da rua que precisa de atendimento naquele instante, e ele então espera que outro venha cumprir uma obrigação que se circunscreveu para ele. e , quando chega o bombeiro, ele vira para o mesmo e diz que a vítima parecia  ter sofrido de algum mal súbito (como se isso não fosse algo notório até mesmo para aqueles que não tem o conhecimento de um médico!), e com isso, o infeliz acredita ter cumprido o seu dever como cidadão ao passar o sintoma aparente para o bombeiro, como se fosse um gesto de caridade que tenta projetar a ilusão de uma boa ação para sua consciência, e também na consciência alheia. Mas infelizmente dentro dessa situação apresentada reside um problema seríssimo que é o que pretendo descrever de modo bem sucinto: 1) Há um "ato menor"(descrever o sintoma) que "encobriu" o "ato maior" que seria a possibilidade do médico ter aplicado seu conhecimento e prestado os primeiros socorros na vítima naquele instante. No calor do momento esse tipo de conduta pode se manifestar de diferentes modos. Mas infelizmente a mulher morreu nos braços do bombeiro, e este bravo homem se sentiu culpado por ter presenciado a morte diante do seus olhos, e não ter feito algo que pudesse ter evitado esse triste incidente; a sua consciência atuou diferentemente em relação a do medíocre médico. esse último, que tinha o saber e o poder de naquele instante crucial ter atuado para evitar a morte daquela mulher, optou por uma atitude mais cômoda que trouxe um problema muito maior para a vítima e, consequentemente para o bombeiro, este que não tinha conhecimento médico algum, mas que tentou resolver aquele incidente até o último instante de vida daquela pobre mulher. Essa analogia serve para nos mostrar uma face que sempre está escondida em nós diante de diversas situações limites que o destino desenha em nossos caminhos. Ao apertar a tecla enter, por exemplo, muitos de nós acaba agindo como o médico que detinha o poder e o saber para mudar uma situação, mas que covardemente utilizou um subterfúgio psicológico para enganar a sua - e a nossa - consciência, e que produz  simultaneamente o efeito de repassar a sua responsabilidade para o outro. E  esse repasse aparece disfarçado de uma boa ação. Antes que alguém venha me criticar aqui, eu gostaria de dizer que não posso negar o grande poder de comunicação que a internet trouxe para o nosso mundo, mas ela é apenas uma ferramenta que precisa ser utilizada com muita cautela ao lado de uma participação mais sólida e ativa em nosso mundo real. continuo depois...

No comments: